Uma obra de arte chamada Piscina das Marés.
É preciso chegar muito próximo ao areal da praia de Leça da Palmeira para poder ver a Piscina das Marés, simplesmente porque ela foi construída de forma linear, paralela à avenida e ao mar para não obstruir a vista nem terrestre e nem marítima. Um dos detalhes da genialidade do autor.
Nada melhor do que ouvir o próprio arquiteto a falar sobre isto neste vídeo da Casa da Arquitetura |
Esta é mais uma obra do arquiteto Álvaro Siza Vieira e que ninguém fica indiferente.
É o único edifício português incluído no livro " Cem edifícios do séc. XX" de Thom Mayne.
Foi construída na década de 1960, quando naquele lugar a única construção vertical era o Farol da Boa Nova. Hoje, toda a av. da Liberdade é constituída de prédios de apartamentos, muitos deles de alto padrão, e a paisagem está completamente diferente, mas nada naquele lugar supera a beleza da arquitetura da Piscina das Marés.
Trata-se de um conjunto de 2 piscinas de água salgada que parecem "encaixadas" por entre as rochas da praia e as ondas do mar.
O arquiteto Siza Vieira utilizou apenas 3 elementos na construção das piscinas, balneários, recepção, áreas de serviços e bares: o betão (concreto), a madeira e o ferro. Materiais que unem-se aos elementos naturais ao redor, dano destaque à cor da água tanto da piscina como do mar.
E por falar em água do mar, esta é captada por sistemas de tubulação à casa das máquinas, onde é filtrada, tratada e devolvida para as piscinas.
As peças antigas ainda são mantidas na casa das máquinas, mesmo depois de serem substituídas na ocasião da grande recuperação da Piscina das Marés que foi feita entre 2019 e 2021.
É natural que a ação do tempo e do mar desde 1966, quando a Piscina das Marés foi inaugurada, deteriorasse algumas das estruturas e por isso a necessidade desta intervenção que teve o acompanhamento direto do próprio arquiteto Siza Viera. Vale lembrar que atualmente com 90 anos, ele continua presente na arquitetura portuguesa, como autor de projetos e professor.
Siza Vieira fez questão de deixar algumas marcas do tempo à vista, para ficar na memória deste edifício tão singular.
O tratamento da madeira também foi um fator importante para a manutenção do edifício dos balneários.
As sinaléticas também já são uma marca inconfundível do arquiteto Siza Vieira...
Tudo é muito integrado com as cores da areia e das rochas.
piscina vigiada |
A Piscina das Marés é pública e pode ser utilizada durante a época balnear todos os dias entre as 9 e às 19h. É um ícone para quem vive na região do Porto, traz grandes recordações para quem lá frequenta desde os anos de 1966.
Mas também é possível apenas fazer a visita ao espaço mesmo para quem não quer utilizar as piscinas. Existem várias categorias de preços para utilização da mesma.
Veja no site oficial da Câmara Municipal de Matosinhos.
Durante todo o ano é possível fazer visita guiada através da Casa da Arquitetura que tem um percurso especial por entre as obras do arquiteto Siza Vieira. Ver aqui.
Fiz a visita guiada com a arquiteta Teresa Ferreira, que participou de todo o estudo que foi feito a propósito da recuperação da Piscina das Marés, no âmbito do evento Open House Porto que literalmente abre as portas de vários edifícios de interesse arquitetónico, no Porto e cidades vizinhas. Vale a pena acompanhar no site www.openhouseporto.com para saber sobre as próximas edições.
Em outras edições do Open House Porto, acompanhei a visita de dois ícones da arquitetura do Porto:
o edifício da Câmara Municipal do Porto, veja o artigo no blog: aqui,
e também o exemplar de arquitetura paisagística, o Parque da Cidade, veja mais neste artigo do blog.
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