Desde os últimos meses de 2020 as escavações para a nova linha rosa do Metro do Porto reabriram a possibilidade de novos estudos arqueológicos na Baixa da cidade.
Não só na Praça da Liberdade mas também no Largo dos Lóios é possível observar vestígios arqueológicos que já vão mostrando que abaixo deste Porto que conhecemos haviam outras cidades.
Já não é novidade, uma vez que estamos a falar de uma zona da cidade onde podemos dizer que é onde se fez a história do Porto. Lembro-me quando a Rua das Flores foi toda requalificada junto com a Rua da Mouzinho da Silveira e o Largo de São Domingos. As obras demoraram muito mais do que o previsto porque muitas ruínas foram surgindo e precisavam ser minuciosamente estudadas pelos responsáveis da arqueologia municipal.
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Rua das Flores |
Muitos dos vestígios arqueológicos encontrados ao longo do tempo estão expostos de forma permanente em vários pontos da cidade e por isso historiadores, arqueólogos ou simplesmente apreciadores desta espécie de "viagem" no tempo podem ficar atentos aos locais onde os mesmos se encontram. Vale a pena espreitar as ruínas que contam muito sobre o Porto.
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Largo dos Lóios |
1. Arqueosítio da Rua de D. Hugo
Está localizado onde as primeiras povoações surgiram para ocupar o antigo morro de Penaventosa e onde hoje encontra-se a Catedral do Porto.
Numa antiga casa que foi adquirida pela Ordem dos Arquitetos do Norte, na ocasião das obras de remodelação dos espaços encontraram-se ruínas que depois de um precioso estudo arqueológico chegou-se a conclusão que ali viveram povoações desde a idade do Ferro.
Várias camadas de superfícies, objetos ali encontrados e texturas de algumas pedras proporcionaram a conclusão de que estamos diante de ruínas de antigas construções, calceamentos e pedaços de muros de antigos castros.
Um lugar aberto para visitas que faz parte da rede de museus da cidade .
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ilustrações sobre as ruínas que lá foram encontradas |
2. Casa do Infante
Também é um dos museus da cidade localizado na antiga Alfândega Régia do séc. XIV e ao ser transformada no museu Casa do Infante sofreu várias obras de requalificação que trouxeram à tona uma série de vestígios do período romano e que também estão visíveis para quem visita a
Casa do Infante e o seu
Centro Interpretativo. Para além destes vestígios estes são locais que contam muito da história do Porto medieval e mercantil. Val a pena visita e fica muito próximo da Ribeira.
3. Arca de Água na Estação de Metro Campo 24 de Agosto
Quando foram feitas as escavações para a construção da estação de metro Campo 24 de Agosto foram encontradas ruínas quase intactas de uma antiga arca do séc. XVI onde era armazenada a água de um poço manancial que ali se encontrava e que abastecia as fontes e os chafarizes da cidade do Porto até 1882 quado foi desativado, já que o abstecimento de água da cidade passou a ser gerido por uma companhia francesa.
O certo é que estes vestígios arqueológicos são uma atração à parte para quem circula pela moderna estação de metro do Campo 24 de Agosto.
4. Hotéis e edifícios privados:
Mas não só nos espaços públicos é possível ver estes vestígios. Muitos edifícios privados principalmente os que se encontram no Centro Histórico do Porto, na medida que estão sendo remodelados revelam muitas vezes algumas surpresas. É o caso do alojamento local
Arco Apartments localizado nas Escadas das Verdades por onde passava um aqueduto que abastecia o Seminário Maior que se encontra em frente da Catedral do Porto. As ruínas estão às vistas num dos quartos do alojamento.
Vale ressaltar a sensibilidade da arquiteta que integrou os vestígios ao interior do ambiente.
Outro exemplo é o caso do
Exmo Hotel, uma reabilitação de dois edifícios da Rua do Infante, muito próximo da Casa do Infante e que apresenta vestígios do séc. XIV.
Assim como o que aconteceu no
Hotel Carris Porto Ribeira a pouco metro dali, onde os trabalhos de ampliação de do hotel, resultaram num amplo
estudo arqueológico nos vestígios encontrados que nos remetem aos períodos romanos e medievais.
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acesso ao restaurante do Hotel Carris Porto Ribeira (foto: Hotel Carris) |
5. Musealização do Rio da Vila (para breve)
Começou em 2018 mas ainda não existe uma data prevista para a abertura desta musealização que possibilitará a visita em galerias subterrneas onde será possível ainda ver a correr o rio da Vila que passa por debaixo da atual Rua de Mouzinho da Silveira que liga a região da Estação de São Bento até a Praça do Infante, próximo da Ribeira. Serão cerca de 350 metros de percurso onde podemos conhecer a fantástica estrutura de canalização do rio que possibilitou a construção da rua.
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foto: porto.pt |
Deixo aqui um ótimo vídeo onde o historiador/arqueólogo Joel Cleto faz uma visita à esta galeria do rio da Vila que está sendo preparada para receber visitantes e também mostra diversos vestígios naquela região. Vale muito a pena ver:
As muitas cidades que estão por debaixo do Porto. Uma verdadeira viagem no tempo!
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