Viajar no tempo. No arqueosítio da R. D. Hugo.

Fachada de casa medieval

À descoberta das origens do Porto


A região que envolve a Catedral do Porto, é conhecida como uma das mais antigas da cidade.
Costuma-se dizer que ali a cidade nasceu e foi-se estabelecendo primeiro em volta da própria Catedral, para depois ir descendo em direção à Ribeira, de onde chegavam as mercadorias, ou seja, os recursos essenciais para a vida da cidade.
Mas existe um local ali mesmo no morro da Sé que já foi chamado de morro de  Pena Ventosa, bem atrás da Catedral que nos comprova que além de ter sido ali que a cidade foi surgindo, outros povos viveram naquela região bem antes da construção da Catedral do Porto.
Estamos falando de pelo menos 2.500 anos.
É o que foi comprovado graças às preciosas escavações arqueológicas realizadas na casa nº 5 da Rua D. Hugo, quando a Ordem dos Arquitetos do Norte, começou a fazer obras naquela construção para instalação ali da sua sede, e durante as escavações, foram encontrados diversos vestígios de outros tempos. Quando isto acontece, numa cidade que é Patrimonio Histórico da Humanidade pela UNESCO é preciso então ser feito todo o levantamento arqueológico.
Graças à um trabalho coordenado entre  arqueólogos da cidade e os arquitetos da Ordem, entre os anos de 1984-1987 e 1992-1993, foi possível fazer uma extensa escavação científica, deixando o espaço que foi descoberto visível e de possível circulação, não atrapalhando o funcionamento da sede da Ordem dos Arquitetos que atualmente não mais tem os seus gabinetes que foram transferidos em 2016  para outro espaço, também amplamente requalificado.

À partir de 2019, este fantástico arqueosítio é um espaço aberto ao público, sempre com algum técnico da Câmara Municipal do Porto para explicar tudo o que vemos por ali.


painel explicativo sobre ruínas arquológicas

Esta casa que ainda mantém parte da sua fachada alguns traços do período gótico, sofreu várias modificações.

Um painel colorido na parede, mostra-nos os vestígios que ali estão expostos e a que época pertenceram.
E temos ali  a documentação destas ocupações destes tempos primitivos da cidade do Porto, até o séc. XX.
E através de uma estrutura em passadiço, podemos "passear" por estes períodos da história da cidade. São 3 metros de profundidade que mostram-nos 20 camadas arqueológicas

ruínas arqueolágicas

ruínas arqueológicas

ruínas arqueológicas


Ali encontram-se os primeiros vestígios arquitetónicos de um núcleo de povoamento primitivo, com características habitações construídas em pedras de planta circular e cobertura vegetal, os conhecidos castros que eram comuns no norte da Península Ibérica, como o Castro de Monte Mozinho em Penafiel, cidade bem próxima do Porto.

Neste arqueosítio da R. D. Hugo, através de texturas do solo, pedra e formas de algumas supostas construções, pode-se comprovar a presença humana naquele morro onde hoje encontra-se a Catedral do Porto, desde os séculos II_I a.C. 
Numa bancada, podemos ver   cerâmicas e outros objetos, que também  possibilitaram identificar a que diferentes épocas pertenceram, mais especificamente no período da romanização.

objetos e vestígios arqueológicos

objetos e vestígios arqueológicos


Depois do período da dominação romana, encontram-se sinais de uma camada de destruíção e incêndio, correspondentes ao séc. VI, altura de muitas lutas e guerras civis.
No período medieval, a arquitetura do edifício era bem diferente da atual, e podemos ver pela porta de entrada localizada na parede lateral, junto à muralha primitiva do burgo, onde  existia a porta da Vandoma.

porta de vidro, estílo gótico

As marcas de outros tempos chegam ao século passado onde encontramos uma chaminé e um forno em tijolo. o que poderia apontar para uma pequena indústria que ali existia, mas ainda não foram encontradas confirmações para este facto.

forno e chaminé de tijolos

Ainda  foi possível saber que ali existiam uma cocheira, e ainda um local para um veículo. Provavelmente dos primeiros existentes na cidade.

Quantas histórias numa região tão importante da cidade do Porto. Ao lado da Catedral, por onde passaram as primitivas muralhas defensivas e onde habitualmente circulam milhares e milhares de turistas

Se vem ao Porto, não deixe de visitar este arqueossítio, a Catedral, a Rua de D. Hugo e tudo à sua volta. Mas se vive na cidade, também tem que ir fazer um passeio por lá. É parte da história do Porto!






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