O Mosteiro e a Igreja de São Bento da Vitória.
Uma visita guiada no Porto que vale a pena!
Num dos locais mais típicos da cidade, que atualmente recebe o nome de Nossa Senhora da Vitória, ou simplesmente, Vitória (como os portuenses gostam de a chamar), mas que já foi conhecida como a Judiaria do Porto, no período medieval e quando a cidade era fechada pela Muralha Fernandina, foi o local escolhido pela Congregação Beneditina de Portugal e do Brasil do sec. XVII para o local da fundação do Mosteiro e a Igreja de São Bento da Vitória.
Encontram-se na rua que tem o mesmo nome e que vale muito a pena ser percorrida porque termina num dos miradouros mais fantásticos do Porto. Pode saber mais a respeito no post que escrevi sobre a rua de São Bento da Vitória. Fica bem ao lado do edifício da antiga Cadeia da Relação, onde hoje funciona o Centro Português de Fotografia, outro lugar que você tem que visitar no Porto.
Exemplos de arquitetura grandiosa, o Mosteiro e a Igreja de São Bento da Vitória, trouxeram para o Porto, através da sua Ordem, monges ilustres na área da música e do canto, além de arquitetos, engenheiros e escultores.
O órgão histórico desta igreja, representa a escola musical que se originou neste espaço monástico.
O Mosteiro:
Começou a ser construído em 1604 mas sua finalização demorou quase 200 anos. O Claustro Nobre que é um dos locais a ser admirado na visita guiada, foi concluído em 1728. Bem diferente do que podemos ver atualmente,
o claustro era um espaço sem cobertura, com uma fonte ao centro.
o claustro era um espaço sem cobertura, com uma fonte ao centro.
Em virtude das invasões francesas, em 1809, o Mosteiro foi ocupado e usado como Hospital Militar. Em 1833 devido ao Cerco do Porto, quando as tropas liberais de D. Pedro IV, o primeiro Imperador do Brasil, e a cidade, foram cercados pelas tropas absolutistas do seu irmão D. Miguel, o mosteiro foi ocupado pelo exército. Na sequência do Cerco do Porto, as Ordens Religiosas foram extintas em Portugal e o Mosteiro passa então a ser ocupado por regimes de infantaria, artilharia, serve de tribunal militar e sede dos telégrafos militares.
Em 1922 o edifício foi destruído por um incêndio e entra em estado de degradação.
Depois de uma grande remodelação entre 1984 e 1990, o edifício recupera a sua grandiosidade arquitetônica. Em 2001 quando o Porto foi Capital Europeia da Cultura, o Claustro Nobre é coberto com uma concha acústica e passa a receber vários espetáculos musicais.
Já tive a oportunidade de ali assistir um concerto e foi soberbo!
Atualmente, o Mosteiro é ocupado e usado pelo Teatro Nacional de São João e recebe espetáculos de teatro e dança, além de possuir um Centro de Documentação, onde investigadores e estudantes de teatro e público em geral podem utilizar a biblioteca especializada em artes performativas.
A Igreja:
Foi concluída em 1693. A imponente fachada granítica chama a atenção naquela pequena rua, mas o seu interior impressiona devido ao trabalho incrível da talha dourada que a partir do século XVIII decora os seus altares e o coro alto. Obras, maneiristas e barrocas, representam a belíssima arte portuguesa daquela época. Deixando claro a importância da igreja para a rotina dos monges no que diz respeito às orações, os cânticos, horas canônicas e celebrações da Eucaristia.
Um espaço de apontamentos, singelos ou grandiosos mas igualmente belos.
Aos entrarmos no Coro Alto, parece que estamos entrando numa outra dimensão, face a incrível talha dourada repleta de painéis esculpidos em relevo, contando-nos as diversas fases da vida de São Bento. Um trabalho incrível!
O Órgão Histórico:
Ao visitarmos a Igreja de São Bento da Vitória é impossível ficarmos indiferentes à beleza do órgão ibérico, localizado à direita de quem entra.
Quando fiz esta visita guiada, que estava inserida nas Jornadas Europeias do Patrimonio/2019 tive a oportunidade de conhecer detalhes preciosos através de Nuno Mimoso, que é músico sacro organista e pedagogo residente na Alemanha e consultor da Direcção Regional de Cultura do Norte, que nos brindou com explicações preciosíssimas a respeito da rotina diárias dos monges, do trabalho artístico naquela igreja e do órgão e seus diferentes sons, através de um curto recital neste instrumentos tão complexo.
O órgão possui 2022 tubos, que propagam o som para a nave daquela igreja. Em tempos de rotina monástica, o órgão era tocado de 3 em 3 horas, alternando com o coro.
Existem em Portugal cerca de 700 órgãos históricos, mas a maioria deixou de ser usado e ao entrarmos no interior deste imenso instrumento percebemos o porquê.
Esta foi uma visita mais pormenorizada porque estava inserida nas Jornadas Europeias do Patrimonio |
É tamanha a complexidade de um órgão histórico. Este em especial, da Igreja de S. Bento da Vitória, suas filas de tubos são accionadas mecanicamente, alimentados de ar por meio de 5 foles. Mas antigamente eram os chamados foleiros que que faziam este trabalho de maneira manual. Muitas vezes de acordo com a frequência que os órgãos eram utilizados, os foleiros tinham que morar nas imediações junto ao instrumento. Muitos órgãos deixaram de ser utilizados devido à extinção das Ordens Religiosas em 1834 e pelo fim dos foleiros, como ofício.
Um privilégio termos no Porto este belíssimo exemplar em pleno funcionamento, encantando-nos com uma sonoridade de 300 anos atrás.
Não perca a oportunidade de visitar o Mosteiro e Igreja de S. Bento da Vitória.
Se estiver pela primeira vez na cidade, saiba também quais são os locais que deve visitar no Porto.
A região da Vitória fica no Centro Histórico, uma das melhores localizações para você se hospedar na cidade.
Veja aqui todas as informações, como horários das visitas e bilhetes: visitas guiadas no Mosteiro de São Bento da Vitória.
Rua de São Bento da Vitória - Porto
tl. +351 223 402 900
Vem para o Porto e região?
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