Visite o Porto e leve na mala bons livros.

Quando viajamos, imediatamente pensamos em fazer as melhores fotos do destino que visitamos. Se estamos  em Portugal ninguém abre mão de desfrutar os vinhos e a ótima gastronomia e claro, levar sempre uma boa lembrança da viagem para quem gostamos ou para nós mesmos.
Mas quero chamar a atenção dos turistas brasileiros que uma ótima recordação para levar na sua mala são: livros! Sim! Porque as muitas livrarias da cidade estão repletas de livros em português!
Claro que são livros em português de Portugal mas são uma ótima oportunidade para nos aproximarmos cada vez mais desta língua que é a mesma, tem muitas diferenças, mas que é linda!

Confesso que tenho preferência pelos livros em português de Portugal porque para mim é fundamental no meu entendimento ao ouvir os portugueses e ler os livros editados com o português de cá, me faz sentir mais integrada na cultura do país.
Se eu estivesse em viagem de turismo em Portugal adoraria levar livros para ler no Brasil e rever palavras e formas de escrita que são tão únicos. 
Os portugueses consomem imenso a cultura brasileira. Música, livros e filmes, mas sinto que o inverso não acontece na mesma intensidade. Uma pena.

Por que não pensar nisso na sua visita ao Porto?

Para além da belíssima Livraria Lello que nos dá a oportunidade de reverter o valor do bilhete para entrar, num voucher para a compra de um livro, existem inúmeras livrarias e alfarrabistas (sebos) na cidade para escolher um bom livro para levar para o Brasil. Vale lembrar que muitas edições chegam primeiro nas livrarias portuguesas do que nas brasileiros.

Isto fez-me lembrar um casal de clientes cinéfilos que atendi em 2016. Eles aproveitavam as noites no Porto para irem ao cinema. Sim! Estavam aproveitando lançamentos de filmes em primeira mão que ainda não haviam estreado no Brasil. Achei incrível! 

Voltando aos livros, quero aproveitar e dar a dica de três livros que li este ano e que adorei:

uma mão segurando um livro com uma ilustração de casas do Porto e a ponte Luis I  com os dizeires Rui Cocuceiro e Morro Pena Ventosa


1. Morro da Pena Ventosa de Rui Couceiro parece que foi escrito para mim e para muitos guias da cidade do Porto que já cá trabalham há muitos anos e veem o Porto se transformar com o avanço do turismo mas que nunca se deixa vencer. É um passeio perfeito pelas ruas mais típicas do Porto e o contato direto com moradores que quase não vemos mais no Morro da Pena Ventosa, o Morro da Sé como é hoje conhecido. É sobre um Porto profundo.
Rui Couceiro é um jovem e talentoso escritor que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente na Feira do Livro do Porto deste ano e que enquanto autografava o meu livro ouviu o quanto eu me identifiquei com a personagem principal do livro, Beta, a guia de turismo.

O autor Rui Couceiro a seguir ao lançamento do livro teve uma ótima ideia:  ele próprio guiou dois grupos de leitores, onde percorreu muitos dos lugares que descreveu no seu livro.
Infelizmente não tive a oportunidade de participar mas deixo-vos alguns desses momentos:


 

2. O Filho de Mil Homens de Valter Hugo Mãe

uma mulher e um escritor pousando para a foto e alguns livros numa mesa. com uma escada ao fundo

 
Já li vários livros de Valter Hugo Mãe, o escritor que gosto de chamar de vizinho porque vive aqui ao lado do Porto em Vila do Conde junto a uma comunidade de pescadores e que tem em si a simplicidade dessa gente humilde mas cheia de sabedoria  do Norte de Portugal.
Dos escritores da atualidade é o mais admirado no Brasil. É frequentemente convidado para estar presente em várias feiras e encontros literários do outro lado do Atlântico.
Ele adora o Brasil e a cultura brasileira. 
Posso dizer que une de maneira sublime a literatura dos dois países.
Quando soube que o seu livro o Filho de Mil Homens seria adaptado para o cinema pelo diretor brasileiro Daniel Rezende, do aclamado filme Cidade de Deus fiz questão de ler o livro antes do lançamento do filme. Os dois são fantásticos. Tanto o livro como o filme. Falam de amor e de aceitação. Recomendo a leitura. Em momentos de tantas incertezas e coisas ruins que se passam nos dias de hoje, Crisóstomo, o personagem principal, traz-nos esperança.

A foto acima foi num momento especial. Um evento na Livraria Lello onde Valter Hugo Mãe falou de si e das pessoas que marcaram e marcam a sua trajetória.

Valter Hugo Mãe ressaltou a sua humildade e ao mesmo tempo foi engraçado ao brincar com as suas manias e a sua obsessão por escrever: 

  



3. Misericórdia de Lídia Jorge 

Capa do livro Misericórdia de Lídia jorge com a imagem de um sofá azul numa parede amarela


Lídia Jorge ganhou há poucos dias o premio Pessoa.
Uma renomada premiação que desde a sua criação em 1987 apenas 6 mulheres haviam recebido. Lídia Jorge é a sétima. E com todo o merecimento. Ela é uma das escritoras mais reconhecidas de Portugal. Apesar de bem mais nova, era com José Saramago que partilhava os seus primeiros anos de escrita.
Tem uma longa carreira, já com 30 livros editados em mais de 20 idiomas.
Misericórdia é uma obra pessoal, onde Lídia Jorge divide com o leitor os últimos anos da sua mãe que viveu num lar de idosos e que nesse período pedia que a filha escrevesse um livro com o nome Misericórdia.
É um livro que fala das relações, do cuidar, do enfrentamento diante da certeza de que há pouco para viver. 
Na Feira do Livro do Porto deste ano, Lídia Jorge foi entrevistada justamente por Rui Couceiro onde ela conta-nos a história e a relação com a sua mãe que deu origem a este romance.

Esta entrevista está disponível no Youtube. Ao final, Lídia Jorge é aplaudida de pé por longos minutos. Estive presente e posso vos garantir que foi emocionante,.

um placo da Feira do Livro com uma mulher sentada um homem e uma mulher de pé e na plateia várias pessoas em pé
Veja aqui a partir do minuto 17


Aproveite as dicas e deixe-se encantar por estes ou tantos outros livros nas inúmeras livrarias do Porto.

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