Museu Nacional Soares dos Reis.

 O museu fundado por D. Pedro.

Para o I Imperador do Brasil, aqui chamado de D. Pedro IV,  "a ignorância é a maior inimiga da liberdade", e por isso, o defensor do liberalismo do sec. XIX em Portugal fundou em 1833 o primeiro museu público de arte do país, chamado inicialmente Museu Portuense de Pinturas e Estampas ou Ateneu D. Pedro IV, e que foi instalado no Convento de Santo António da Cidade, onde hoje se encontra a Biblioteca Municipal do Porto, no Jardim de São Lázaro.

As primeiras obras vieram de conventos abandonados da região do Porto e de bens confiscado às ordens religiosas extintas naquela época.

Em 1932 o museu transfere-se para o antigo Palácio dos Carrancas e ninguém fica indiferente ao grandioso edifício que hoje vemos quando nos deslocamos do Centro Histórico para os Jardins do Palácio de Cristal.

O museu já vale a visita pela beleza deste palácio do séc. XVIII  que pertenceu a família Moraes e Castro que para além de residência, instalara ali a sua Fábrica de Galões de Ouro e Prata.

Ali, viveu D. Pedro quando veio para  Porto, onde iniciou a Guerra Civil, o "Cerco do Porto" contra o seu próprio irmão D. Miguel que pretendia usurpar a coroa da filha de D. Pedro e reverter a monarquia liberal para absolutista.

Sendo um lugar muito exposto para os ataques frequentes vindos de V. Nova de Gaia, D. Pedro mudou-se para a Rua de Cedofeita, num palacete mais protegido.

Em 1860 o Palácio dos Carrancas foi adquirido pelo seu neto, D. Pedro V, que o transformou em residência da Família Real quando a mesma viesse ao Porto. Já no regime republicano o palácio passa a ser patrimonio do Estado e começa então o processo de transformação em Museu Nacional.

Soares dos Reis, que dá o nome ao Museu como hoje nós conhecemos, foi um dos maiores escultores portugueses do séc. XIX. É na ala com o seu nome que podemos apreciar muitas das suas obras, nomeadamente o Desterrado que foi o vencedor do 1º prémio da Exposição Geral de  Belas Artes de Madrid.

 

O Museu Nacional Soares dos Reis é o lugar perfeito para conhecer os artistas portugueses nas mais diversas épocas. Infelizmente e injustamente são artistas não tão reconhecidos internacionalmente mas que merecem ser vistos e admirados nas muitas alas do museu.

O quadro Autorretrato da pintora Aurélia de Sousa é o meu preferido do museu. Está em lugar de destaque na ala das pinturas e retrata a personalidade enigmática e inquietante da autora.

Aurélia de Sousa era uma das poucas mulheres portuguesas, e não só,  do fim do séc. XIX e início do séc. XX que foi para Paris estudar e convier com os grandes pintores da época.

O quadro ganha destaque no museu porque é uma obra de grande relevância na história da arte portuguesa.

 

O museu também apresenta grandes coleções de arte decorativa, cerâmica, arte sacra, joias, texteis e vidros. Vá com tempo para visitar há muita coisa bonita para ver.

Há inclusive uma obra de Cândido Portinari chamada Carnaval,  ( que originalmente tinha o nome de Cavalo-Marinho), é uma das duas obras que sobreviveram a um incêndio na Rádio Tupi que encomendou 7 painéis para decoração de suas instalações no Rio de Janeiro.

Os 2 painéis foram oferecidos por Assis Chateaubriand ao Estado português em 1951, sendo a outra obra destinada ao Museu de Arte Contemporânea em Lisboa. 

Cândido Portinari também em destaque no Museu Soares dos Reis

Como eu referi no início, a beleza do antigo Palácio dos Carrancas, onde está instalado o museu, já vale a visita. São salas com paredes e tetos decorados com requintes de detalhes.

Não deixe de visitar os jardins do museu, onde pode encontrar belos painéis de azulejos, vários vestígios de antigos edifícios desativados, alguns inclusive pertencentes ao antigo Convento de São Bento de Ave Maria,  que foi demolido para a construção da famosa Estação de São Bento.

É nos jardins que está o desativado Velódromo Maria Amélia, frequentado pelas elites sociais do Porto, uma vez que o rei D Carlos cedeu o terreno nos fundos do Palácio Real para o Velo Club da cidade.

É por isso que eu disse que o Museu Nacional Soares dos Reis é para visitar sem pressa e sim com muita vontade de fazer uma imersão na arte Portuguesa e não só.  

A programação de atividades do museu é extensa. E está disponível no site do mesmo. Desde oficinas para as crianças, até visitas temáticas ou workhops.

Todas as informações, preços e horários em www.museusoaresdosreis.gov.pt