O Estádio do Braga. Uma pedreira que se transformou num "poema físico".
Braga é uma cidade a 50kms do Porto que podemos nos deslocar até lá de carro ou comboio/trem e que se possível, sugiro ao visitante que dedique 2 dias para conhecer esta que é uma das cidades mais importantes do país e com muitas coisas para ver e fazer.
O turismo mudou e para fazer um turismo com qualidade você tem que fazê-lo devagar.
Foi-se o tempo em que você conseguia visitar Braga e Guimarães no mesmo dia.
Em 2018 eu já escrevia sobre isto. Veja o post: Porque não vale a pena visitar as duas cidades no mesmo dia.
Braga é a cidade romana cheia de vestígios de séculos a.C., é a cidade das igrejas barrocas, dos jardins e ruas floridas, do fantástico Santuário do Bom Jesus do Monte, da gastronomia do Minho e muito mais.
![]() |
Bom Jesus do Monte |
Braga é a cidade que possui uma das obras mais importantes da arquitetura contemporânea de Portugal: O Estádio Municipal de Braga, onde joga o Sporting de Braga um dos maiores clubes portugueses e que nenhum jogador que vem de fora fica indiferente ao jogar naquele palco desportivo e poético, de autoria do arquiteto Eduardo Souto de Mora.
A expressão "poema físico" que utilizei no título deste artigo tem uma pequena história que conto rapidamente:
quando estive no Estádio do Braga para recolher imagens e informações, publiquei alguns vídeos nas redes sociais do o Porto encanta e recebi de um seguidor português um relato fantástico sobre um amigo que trabalhou com os arquitetos Álvaro Siza Viera e Eduardo Souto de Moura, e a este último foi solicitado o projeto para o Estádio Municipal de Braga. O arquiteto Souto de Moura apresentou um projeto tão arrojado que se o deixassem fazer seria um auténtico "poema físico". E assim foi.
Construído para o Euro 2004, o estádio surge sobre uma antiga pedreira no alto do Monte Crasto, com capacidade para aproximadamente 30.000 lugares.
Com o traçado arquitetónico de Eduardo Souto de Moura e a engenharia de Rui Furtado, o estádio é quase um anfiteatro natural à semelhança dos anfiteatros gregos. As bancadas estão literalmente acima do que restou da pedreira e as coberturas sustentadas por cabos de aço. Junta-se a isso, o espaço natural envolvente, sem bancadas nas extremidades do campo proporcionando um cenário leve e muito diferente dos estádios convencionais.
As coberturas pendem discretamente, possibilitando que a água da chuva seja recolhida por dois imensos canais suspensos por pilares de betão, localizados bem ao lado das bancadas. A água é então drenada e aproveitada para rega do relvado/gramado e outros fins.
![]() |
o placar gigante é o maior da europa e o quarto maior do mundo |
![]() |
A água da chuva é reaproveitada graças a esta grande "bacia" que a recebe da cobertura |
Eu fiquei impressionada com a quantidade de granito misturado com o betão (cimento) abaixo das bancadas. Não é por acaso que o estádio também é conhecido como A Pedreira.
A visita guiada ainda possibilita conhecer o museu do Sporting de Braga que expõe com orgulho as suas taças conquistadas pelo futebol, mas principalmente pelo futebol feminino e de praia que são as duas modalidades de destaque do clube. Além de exibir a história do clube que começou a partir do apoio do Sporting de Lisboa, por isso o seu equipamento/uniforme inicial ter sido verde e branco e só mudou para vermelho e branco devido ao encantamento do seu antigo treinador Jozef Szabo pelo Arsenal de Londres e por isso os jogadores do Braga também são chamados de arsenalistas.
![]() |
do verde do Sporting de Lisboa para o vermelho do Arsenal de Londres |
Para quem é apaixonado por arquitetura, por futebol ou pelos dois deve aproveitar sua visita à Braga para conhecer este que é um ícone da arquitetura desportiva.
Todas as informações sobre a visita em: scbraga.pt/visitas-guiadas-stadium-tour
Comentários
Postar um comentário