Arquitetura, natureza e muita devoção em São Bento da Porta Aberta, no Gerês.
Era para ser um fim de semana de Julho para desconectar junto à natureza no belíssimo Parque Nacional Peneda-Gerês, mas a minha curiosidade falou mais alto quando às margens do rio Cávado em Terras de Bouro avistei ao alto de um dos montes uma igreja que dava nas vistas.
Através do Google Maps descobri que era o Santuário de São Bento de Porta Aberta a apenas 3,5 km de onde eu estava.
Local de muita devoção e que recebe milhares de peregrinos durante o ano todo.
Um pouco da sua história:
No início de 1600 surge uma pequena ermida e sua primeira missa foi dedicada à São Bento, o monge nascido em Núrsia proclamado o pai e padroeiro da Europa, que deu início aos mosteiros hoje conhecidos como beneditinos e com o lema: ora e trabalha.
Já em meados de 1700 a capela atraía um grande número de devotos.
Em 1845 passa a ser chamada de São Bento da Porta Aberta, porque estava sempre com a porta aberta para receber quem chegava da sua longa peregrinação.
Entre 1880 e 1895, a atual igreja é construída e em 2015 o Papa Francisco elevou-a a Basílica.
Devido à grande afluência de pessoas foi construída uma nova igreja conhecida como Cripta e no seu claustro foram colocados 10 imensos painéis pintados pelo ceramista Querubim Lapa e que mostram episódios da vida de São Bento.
Estavam reunidos todos os motivos para eu ir até lá. Afinal, uma vez peregrina…. sempre peregrina.
Saiba mais sobre o meu Caminho Português de Santiago de Compostela
A peregrinação e os peregrinos:
Acordei cedo e segui em direção àquele Santuário.
Vivendo no Porto há muitos anos, fui me familiarizando com as diversas devoções de épocas distintas as quais se destacam as peregrinações, romarias ou procissões. A mais famosa delas em Portugal é claro, é a ida ao Santuário de Fátima. Mas aqui ao Norte, o Bom Jesus de Braga, o Senhor de Matosinhos e os famosos Caminhos de Santiago de Compostela, fazem parte do meu universo, mas São Bento da Porta Aberta foi uma grande novidade para mim.
E mais novidade ainda, foi sentir que indo até lá e pesquisando mais a respeito, descobri que trata-se de uma grande peregrinação, com grande estrutura e muito tradicional para as pessoas ali da região do Minho e do Gerês. Milhares de peregrinos deslocam-se até São Bento da Porta Aberta durante o ano todo.
Eu apenas caminhei a partir do meu hotel, num percurso de 7 km ida e volta, mas há quem caminhe desde Braga, Vila Verde, Barcelos, Esposende e outros. Existe inclusive uma rota determinada e que foi amplamente divulgada entre os municípios.
A estrada que leva ao Santuário de São Bento da Porta Aberta, é toda sinalizada, inclusive chamando a atenção dos condutores dos veículos, porque os peregrinos estão passando a qualquer hora do dia e da noite.
A chegada ao Santuário é toda pensada a quem vem à pé. Mas existem vários parques de estacionamento.
Existem vários voluntários à disposição, há posto médico, ampla estrutura de alimentação, hotel e alojamento local. Fiquei impressionada com tudo aquilo em pleno Gerês.
Faça o download do Guia do Peregrino |
as pegadas que recepcionam os peregrinos |
Vários restaurantes junto à Basílica |
Hotel São Bento - em frente à Basílica |
A Basílica e a Cripta:
A Basílica é uma construção muito parecida com as igrejas que estamos habituados a visitar em Portugal, principalmente no Norte, onde os reluzentes altares barrocos harmonizam com os azulejos tradicionais.
Mas lá no alto, a imagem de São Bento junto com a relíquia dos seus ossos entregues ao Santuário em 1949, recebe uma interminável veneração de fiéis. Lá são deixadas todo tipo de oferendas em agradecimento aos pedidos atendidos.
Devoção e religiosidade à parte, o que me levou ao Santuário foram os painéis de azulejos. A minha paixão por esta arte já não é novidade para quem acompanha este blog.
Mas em primeiro lugar entrei na Igreja da Cripta e fiquei verdadeiramente maravilhada com a arquitetura moderna e diferente que encontrei. Simplicidade e ao mesmo tempo grandiosidade, envolvidas pelas montanhas do Gerês visíveis através de todas as paredes de vidro.
No Claustro, confesso que fiquei mais de uma hora a admirar todos aqueles painéis distribuídos por entre grandes varandas, que propositadamente nos conduzem à apreciação da arte de Querubim Lapa e a beleza da natureza do lado de fora.
Cada painel mostra um episódio da vida de São Bento e um milagre que lhe foi atribuído.
Alguns destacam também os mosteiros beneditinos espalhados pelo mundo.
Independente da sua crença, este é um lugar que merece a visita. Apreciadores de arquitetura e da arte de azulejar vão se encantar.
O Santuário de São Bento da Porta Aberta tem uma programação intensa que pode ser acompanhada no seu site: sbento.pt , Facebook e Instagram
O mês de Agosto é um mês de muita procura ao Santuário e por isso se não conseguir visitá-lo em outra época do ano, sugiro que o faça durante a semana.
A partir do Porto são aproximadamente 100 kms, podendo ir e voltar no mesmo dia. Só é possível chegar até lá de carro.
Se puder, aproveite uns dias para desfrutar do Parque Nacional Peneda-Gerês, o único parque nacional de Portugal, com muita natureza, atividades ao ar livre e boa gastronomia.
Numa outra oportunidade, estive a aproximadamente 30 kms dali, próximo da Ponte de Misarela, num lugar de muita tranquilidade.
E na outra extremidade do Parque, a aproximadamente 70 Kms de São Bento da Porta Aberta, em Castro de Laboreiro tive a oportunidade além de desfrutar da natureza, de colocar a mão na massa aprendendo a fazer pão artesanal.
O Gerês também encanta!
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