Bienal de Arte de Gaia. A arte em um cenário único.
Foi quase nos últimos dias (e ainda bem que foi a tempo) que visitei a IV Bienal de Arte de Gaia, que vai até 10 de Julho de 2021. E por isso, se está lendo este artigo antes desta data e vive no Porto e região, não deixe de ir! Está incrível e num espaço surpreendente. A antiga Companhia de Fiação de Crestuma.
Mas se não está no Porto, não se preocupe porque em 2023 a Bienal estará de volta.
Este ano a Bienal está linda espaçosa e com temas muito atuais e que nos fazem pensar e muito!
São mais de 500 artistas de 14 nacionalidades e obras espalhadas por antigos armazéns daquele antigo complexo que compõe um património industrial fabuloso. E para quem acompanha o blog sabe como eu adoro fábricas.
Os pavilhões onde estão a decorrer as exposições foram restaurados são amplos e em tempos de pandemia circula-se com total segurança enquanto observamos as obras de arte.
Mas o que me chamou a atenção foi a possibilidade de entre uma e outra exposição, através de grandes janelas podíamos observar o que ainda restou daquela enorme antiga fábrica de fitas e fiação de algodão.
Quantas histórias de tantas pessoas devem ter passado por aquele lugar!
No primeiro pavilhão da Bienal, o destaque vai para as homenagens ao pintor Albuquerque Mendes e o escultor Paulo Neves e também para a exposição "Novos Orientes" de Álvaro Siza Vieira e Paulo Castanheira, com o projeto MoAE - Museum of Art Education na China e que ganhou o prémio Archdaily 2021 na Categoria Arquitetura Cultural.
Tenho profunda admiração pelo trabalho em madeira do escultor Paulo Neves!
A caminho do segundo pavilhão de exposição ainda há tempo para apreciar mais do que restou da antiga fábrica, como este edifício que era um pequeno museu dos bombeiros que serviam com exclusividade aquele complexo.
Causas sociais, coronavírus e temas mais do que importantes nos tempos atuais como a democracia, estão nas obras do outro imenso espaço de exposições. Muito para ver e que nos fazem refletir.
Por isso, vá sem pressa à Bienal de Arte de Gaia.
E sem pressa admire todo o património industrial daquela fábrica que iniciou suas atividades no fim do séc. XIX, encerrando em meados do séc. XX.
foto: II Congresso Internacional sobre Património Industrial |
Localizada muito próxima do rio Douro a fábrica possuía um sistema de produção de energia com a água que ainda é possível observar, assim como a presença de grandes tanques que talvez seriam utilizados para tingimento.
Sabe-se também que antes da fábrica de fiação, entre final de 1700 e meados de 1800 naquele espaço existia a Fundição de Arcos de Ferro pertencente à Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro e que foi utilizada pelas tropas de D. Miguel para fabricação de armas utilizadas no cerco do Porto, a guerra civil entre ele e seu irmão D. Pedro IV. Ainda é possível encontrar por lá 2 canhões com os brasões da monarquia que ali foram fabricados.
São estes os motivos para quem estiver pelo Porto e região até 10 de Julho ir até Crestuma.
A entrada é gratuita e existe transporte gratuito todos os dias com partidas às 14 h e 16:30h (saída na frente do El Corte Ingles de V. N. de Gaia ) e 16 h e 19h (saída da Bienal)
Terça à Domingo das 14:30 h às 19 h
Rua das Hortas, 370 - Lever
(antiga Companhia de Fiação de Crestuma)
Vila Nova de Gaia
coordenadas: 41°03'52.6"N 8°29'17.5"W
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