Lendas, histórias e a melhor vista para o Porto... rompendo os sapatos em Gaia.

Na outra margem do rio Douro em Vila Nova de Gaia, também existem lendas e histórias.


E foi em Gaia que eu acompanhei mais um percurso "Romper os sapatos" com o historiador Joel Cleto.
Que desta vez contou lendas sobre a Peste Negra, o Castelo de Gaia e o Rei Ramiro. 



Um percurso que começou  às margens do rio onde, nos tempos em que os árabes queriam dominar a Europa, era uma espécie de divisão: de um lado do rio, estavam os mouros e do outro lado, os cristãos. 
Um percurso que vai passar por caminhos com vestígios medievais em Vila Nova de Gaia e que vai nos levar ao local onde existiria um castelo, conhecido como o Castelo de Gaia. Com uma vista sobre o rio... fantástica.

Começamos em frente ao atual Espaço Cultural Corpus Christi. Onde em 1345 foi fundado, por uma fidalga D. Maria Mendes Petite, o Convento de Corpus Christi, para religiosas dominicanas. Um belíssimo edifício em estilo barroco.



Já no seu interior, Joel Cleto além de apresentar as características do edifício e as suas salas, conta-nos lendas relacionadas à Peste Negra que assolou a Europa Medieval.
Lendas estas, onde religiosas em devoção às imagens dos santos no interior do convento, nomeadamente as imagem de um Cristo na cruz e de São Domingos, pediam a cura das madres e freiras que adoeciam em consequência da Peste Negra.

Optei em não fotografar o interior do atual Espaço Corpus Christi, em respeito aos sinais...


Apenas, atrevi-me a tirar esta fotografia da belíssima imagem do Cristo com quem uma das freiras conversava, a pedir a cura das freiras atingidas pela Peste Negra. E segundo dizem, é um Cristo que gosta de "conversar", por isso até hoje ainda entram pessoas no Espaço Cultural Corpus Christi e  ficam ali a conversar com a imagem...


Um espaço lindíssimo que vale a visita. A entrada é gratuita e está ali bem na margem do rio Douro próximo às caves do vinho do Porto.

Vai começar então a nossa ida ao local onde teria existido o Castelo de Gaia. Vestígios de diversas épocas, ajudam a identificar a existência deste castelo.


Joel Cleto começa então a nos contar a Lenda do Castelo de Gaia e do Rei Ramiro. Esta vai ser a lenda que ele vai nos contando em fases durante as paragens do nosso percurso até "tomarmos" o Castelo de Gaia.

Diz a lenda, que o rei Alboazer, mouro, cujo reinado ia da região deste lado do rio até Santarém, teve uma irmã sequestrada pelo rei Ramiro II de Leão (Astúrias). Este, o rei cristão.
Para se vingar, o rei Alboazer resolve sequestrar a mulher do rei Ramiro II, D. Gaia.
O problema maior é que... o rei mouro apaixonou-se pela rainha cristã. E vice-versa!

Vamos então romper os sapatos, subindo a Rua de Rei Ramiro...



observando a beleza dos antigos armazéns do vinho do Porto...


e espreitando a vista...



Na primeira paragem, uma curiosidade: o Joel Cleto nos aponta para a Quinta do Campo Belo, e nos revela que ali no seu interior se encontra a mais antiga árvore de camélias, vinda do Japão, plantada na região do Porto.




Mas esta paragem na esquina entre a Rua de Rei Ramiro e a Rua da Fonte Nova, onde existe uma fonte, serviu para dar-nos seguimento à Lenda.



Para se vingar, o Rei Ramiro juntamente com o seu filho seguiram em direção à Gaia, já com um plano a executar.
Numa antiga fonte, o rei, disfarçado de peregrino encontrou uma das aias da sua esposa  e pediu-lhe um bocado de água, enquanto isto conseguiu enfiar o seu anel no recipiente onde estava a levar a água para servir a rainha, com a certeza de que ela o reconheceria, porque tinha um anel semelhante.
Mas a rainha, ao ver o anel que  logo reconheceu e desconfiada de traição mandou a aia busca-lo e ordenou a sua prisão no castelo.
Ordenou também que não lhe dessem água nem comida, mas a aia, que já havia caído nos encantos do rei Ramiro, ia lhe mantendo alimentado.

Seguimos rompendo os sapatos e apreciando ainda mais a vista, até a Rua do Castelo, para sabermos mais sobre esta lenda...




No caminho, marcas árabes na arquitetura das casas atuais...



e mais uma paragem...




O rei Alboazer ao voltar de uma viagem e ao saber que  o rei Ramiro estava preso no Castelo, foi ter com ele e numa conversa, o rei cristão sugere a sua própria execução durante uma grande festa no Castelo. Isto já com a ideia de conseguir uma maneira de comunicar com o seu filho. E assim o fez. Tocou num corno de caça, o sinal combinado. E o seu filho percebendo o sinal, preparou uma grande invasão ao Castelo.

Também "invadimos"...



E conquistamos aquele terreno, hoje uma propriedade privada, onde nos foi permitido entrar e desfrutar daquele espaço onde existiria o Castelo de Gaia.

E a lenda, diz-nos que o filho do rei Ramiro e os seus aliados, enquanto o rei mouro estava concentrado em preparar uma grande festa no castelo para executar o rei cristão,  conseguiram ali invadir e devastar o Castelo, matar o Rei Alboazer e salvar o rei Ramiro. Este leva para o barco a rainha Gaia, amarra-lhe uma pedra ao pescoço e a joga no mar.
Que lenda! Daria um bom filme!

Fica a certeza: quando dizem que a melhor vista do Porto está em Vila Nova de Gaia, não é lenda. É a pura verdade...




Vamos voltar para a margem do rio, desta vez por outros caminhos.
Por sugestão do Joel Cleto, vamos romper os sapatos por entre as ruelas medievais de V.N. de Gaia...





descobrir recantos. Um deles é a pequena Capela de Nossa Senhora da Bonança/Capela do Bom Jesus de Gaia...


de repente, alguém nos abre a porta e nos permite conhecer o seu interior...





E nos mostra o caminho para as traseiras onde temos esta vista... fantástica!


Depois, por entre ruelas e pequenas escadas, chegamos à margem do rio, bem à frente do edifício da antiga Alfândega do Porto, para ouvirmos mais histórias do Joel Cleto, sobre a atividade mercantil daquela região e da importância do rio, do mar, das embarcações e das  atividades economicas.



Tempo ainda para observarmos a marca de uma grande cheia em 1909...


e tempo para usarmos  o passadiço sobre o rio que vai nos levar ao nosso ponto de partida...


prontos para rompermos os sapatos num próximo percurso!

Comentários

  1. Gostei. O Joel que se ponha a "toques" já que surge uma potencial corrente às suas histórias e lendas. hihihihi. Os meus parabéns por conseguir usufruir do "passeio", conviver com os restantes "rompedor de sapatos" e por nos brindar com esta "reportagem".

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    1. Nada disso Castelo! Sem o Joel não é possível fazer esta reportagem! :) :)
      Um beijinho e obrigada! É sempre um prazer romper os sapatos com vocês!

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  2. Mas porque não subiram até ao sítio do Castelo ? O Joel teve pena das vossas perninhas ? Mas eu não conseguia subir desde a marginal. Mas o autocarro leva-nos até meio caminho da Rua Rei Ramires. Depois é passar ao lado do antigo Asilo dos Cegos e subir até bem ao cimo, em caminhos cheios de histórias. Imagens Belíssimas. Parabens.

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  3. Sr. Jorge, sugiro que leia novamente este post, uma vez que vai pode observar que subimos a caminhar a Rua de Rei Ramiro até o sítio do Castelo, de onde desfrutamos de uma excelente vista e de onde o Joel continuou a contar-nos a Lenda do Castelo. Obrigada. Cumprimentos.

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  4. Bom dia. Tomei conhecimento da existência deste blogue há muito pouco tempo.
    Gosto muito do seu trabalho. Parabéns.
    António

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    1. Obrigada António!
      Seja bem-vindo ao Porto encanta :)
      Rita

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  5. Cara amiga. Não fiz críticas negativas. Ponto. Mas o sítio do Castelo só termina bem no alto, junto a uma memória de uma Senhora. Não me lembro agora qual é. E como não a vi, achei que faltou esse pequeno caminhar de mais uns 300 metros. Certo ou errado ?

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    1. Caro Jorge, levei o grupo mesmo até ao alto :) No ultimo socalco do Asilo dos Cegos. A "memória" a que se refere é um daqueles pavorosos "quiosques" de N. Sra. de Fátima que foram moda nos anos '80 :( Quando lá escavei, em 1983, ainda não havia o " mostrnho". Abraço.

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    2. É verdade,
      Caro Joel. Presumo que o alto é junto ao mamarracho. E custa bem chegar lá acima. Um abraço

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  6. Os meus sinceros parabéns pela bela narrativa numa simbiose agradável com as fotos.
    Um abraço e até breve,
    António Maia

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