Català-Roca e as suas Obras Primas...

Eu fui ver a exposição "Obras Primas" do fotógrafo espanhol Francesc Català-Roca no Centro Português de Fotografia e saí de lá emocionada. Para quem gosta de fotografia, é um programa obrigatório.
Até 07 de Abril, será possível apreciar estas verdadeiras obras primas, deste fotógrafo que foi tão importante para a história da fotografia documental em Espanha.


Eu já tinha visto as fotografias de Català-Roca, numa visita ao Museo Reina Sofia em Madrid...


Mas por se tratar de um museu com diversas exposições em simultâneo, e por ser um Domingo chuvoso daqueles em que todos resolvem ir ao museu, não foi possível olhar tão atentamente para tão belas fotografias, que retratavam a realidade do quotidiano espanhol, da época.

Já aqui, no Porto no belíssimo edifício da antiga Cadeia da Relação, atualmente o Centro Português de Fotografia, nas várias salas onde acontecem esta exposição, temos o prazer de admirar este trabalho tão espectacular...


Estamos falando de fotografias realizadas nos anos de 1950 a 1955, numa altura em que nunca se sonhava com fotografia digital, photoshop, instagram  e outros. Fotografias sem preparação prévia. As coisas aconteciam e lá estava Català-Roca com sua máquina, para eternizar aquele instante...

foto:cpf


Para saber mais do traballho de Francesc Català-Roca, vale ler algumas palavras do Comissário desta exposição, Chema Conesa:

O fotógrafo – segundo a convicção de Català – atuava como um sequestrador de imagens da realidade quotidiana. A sua missão era resgatar, imobilizar instantes que a fotografia transformaria em momentos relevantes. Sem intervir, sem construir nada para além do instante e da ótica.


Català determinou, com a sua obra, o mais duradouro legado fotográfico. Com a sobriedade de quem se vê como mero espectador de uma realidade intocável, aplicou a sua particular cirurgia ótica para converter o quotidiano em transcendental e transformar, assim, as suas fotografias em ícones de memória. Soube construir, de forma intuitiva, o seu próprio discurso plástico ligado à tendência realista, a fotografia direta, a observação e decomposição do meio ambiente, com regras geométricas impostas pelo visor da câmara.



A sua intuição ultrapassou os princípios teóricos de Cartier- Bressón, que conheceria mais tarde e ao qual precedeu nos conceitos sobre a construção do instante decisivo do disparo da câmara e que, posteriormente, constituiriam o ADN da reportagem fotográfica mundial.
As imagens deste obstinado e empenhado fotógrafo dignificaram tudo aquilo em que tocaram. Não há vislumbre de condescendência nem de julgamento quando dirige o seu olhar às pessoas humildes do campo ou da cidade. Sabe respeitar a distância exata para narrar como testemunha, como fotógrafo ausente, e consegue converter a fotografia num ato banal.



A sua incansável dedicação à tarefa de descrever este país ao longo de três décadas, deixou-nos um legado de mais de 200.000 negativos impecáveis, já que no seu cuidado por descartar o supérfluo, destruiu todos as imagens imperfeitas.

As suas imagens povoam a nossa memória como ícones do passado. Ao contemplá-las, as nossas próprias recordações são revividas com nitidez. É a imbatível essência da fotografia documental. A excelência de reunir a verdade e a beleza em duas dimensões. O legado de Francesc Català-Roca.





Se vem ao Porto até 07 de Abril ou se vive na cidade, é uma super recomendação.
Porque é um privilégio ter estas fotografias para vermos, aqui... no Porto.

Obras Primas
Català-Roca
Centro Português de Fotografia
Edifício da Ex-Cadeia e Tribunal da Relação
Terça a Sexta das 10 às 12:30 hs e das 15 às 18:00 hs
Sábados, Domingos e Feriados das15 as 19:00 hs
Entrada: livre

Mais detalhes do Edifício do Centro Português de Fotografia, pode ver neste post: AQUI



Comentários