O dia em que o coração do Porto bateu... forte.

As diversas redes sociais, convocaram para o dia 15 de Setembro uma manifestação, carinhosamente chamada de "Manif", com o objetivo de protestar contra as últimas medidas de austeridade impostas pelo Governo, mediante ao cenário de crise que o país e a maior parte da Europa enfrenta.
Uma manifestação nacional, marcada para acontecer em diversas cidades do país.


Eu e minha companheira inseparável, a máquina fotográfica, nos dirigimos então para a Avenida dos Aliados, o coração da cidade, onde iria ser a concentração da tal manifestação no Porto.
No caminho, uma senhora que andava ao meu lado, dirigiu-se a mim e perguntou: "Será que vai valer a pena?", e a única resposta que me veio a cabeça foi: "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena". E ela disse-me: "Ah, obrigada por lembrar-me desta frase!". E seguimos cada qual o nosso rumo.


Quando cheguei na Av. dos Aliados, quase uma hora antes, não sei explicar, mas senti que aquilo ia ser algo importante, diferente. A atmosfera era calma e ao mesmo tempo inquietante... as pessoas vinham de toda a parte.



 

Todos a preparar o seu trabalho. A organização...


... a imprensa.



E antes da hora marcada, a avenida já estava cheia.


E em poucos minutos, um "mar" de gente tomou por completo, o coração da cidade do Porto.


E foi então que eu tive a mais completa certeza de que aquilo não ia ser uma manifestação qualquer.
Não havia ali, nada de partidário, nem sindical e muito menos radical.
Estavam lá pessoas que nunca participaram de alguma manifestação, gente comum, que me pareceu, que depois de meses e meses de silencio, resolveu ir a rua. E botar para fora um sentimento único:


Havia gente com iPhones e iPads, fotografando tudo, bem ao lado dos que tinham um equipamento menos sofisticado...


As pessoas com roupas de marcas misturadas na multidão com os que usavam t-shirts e chinelos...sem marcas. E independente do que tinham no exterior, aquelas pessoas tinham por dentro algo em comum... perderam a tolerância e antes de perderem totalmente a esperança, foram manifestar.



Todas as gerações...




Com certeza haviam ali, engenheiros, arquitetos, professores, enfermeiros, pequenos e médios empresários e milhares, milhares de desempregados...





Famílias...


Jovens,muitos jovens.Que só querem viver como os jovens vivem...





E qual é o jovem que não tem direito a um pouco de loucura?


A juventude grega também lá estava, em solidariedade.


Tudo e todos, pacificamente...




A força policial... apenas assistiu.


E no final, apesar de tudo, as pessoas sorriam... felizes. Porque o Porto levou mais de 100.000 pessoas à rua. E Portugal mais de 660.000.
Um sorriso de emoção, por terem feito desta, a maior manifestação do país dos últimos anos.
Sorriam por terem feito parte desta história.


Eu...  bem, eu por diversas vezes chorei de emoção. Mas também sorri... por estar ali, numa aula presencial de democracia, cidadania, consciência coletiva e tive a certeza de que:



E lembrei-me daquela senhora, lá do início... que deve estar pensando como eu, que tudo valeu a pena!

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